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10 músicas para conhecer Sleeping at Last
Quando Sleeping at Last apareceu pela primeira vez nos posts semanais de playlist, eu comentei que nem sabia como demorou tanto (e também não sei como ainda não apareceu de novo, exceto pela vez causada por ter começado a redigir esse post), porque esse é um artista que ouço muito. Muito mesmo. Não só em quantidade de vezes, mas em quantidade de músicas. Eu adoro o jeito que elas são construídas, como elas entregam tantas emoções e tantos significados com frases simples, e, acima de tudo, como elas são uma celebração da vida. Não no sentido de serem sempre felizes, mas justamente por acompanharem vários sentimentos e várias experiências... algo que genuinamente sinto falta quando 80% das músicas que tocam por aí estão estacionadas no mesmo tópico.
(eu tentei não ser a anti-romance, mas hoje não deu. é real um dos principais motivos de eu ser tão vendida pra essas aqui, então né ¯\_(ツ)_/¯)
Outra coisa que mencionei naquele primeiro post é que deveria fazer um em separado com minhas 10 músicas favoritas, para propriamente introduzir vocês a elas (na verdade é só pra berrar sobre elas mesmo, mas se fizer vocês as ouvirem, é um bônus que não reclamo). Talvez tenha sido uma péssima ideia, por que como raios eu julgo um ranking disso?? Cada uma delas significa algo diferente pra mim, tem uma energia diferente, um motivo diferente pra ter me marcado, COMO EU JULGO ISSO UNIFORMEMENTE?? E é por isso que demorei pra concluir. E porque quase nunca sei expressar direito porque gosto das coisas que gosto, mas enfim. Houve um esforço!
Por fim, antes de começar com as músicas em si, vou deixar o site oficial de SaL. Tem todas as letras lá, e pelo menos metade delas vem com a história de como elas foram concebidas, e toda vez que eu leio fico mais encantada. A quantidade de detalhes que são pensados pra cada uma! Queria um galaxy brain assim (é verdade que eu vivo deixando umas referências e reflexões escondidas nas coisas que escrevo, mas não é tanto e nem sempre, então eu admiro mesmo). Enfim, de verdade, se tiver um tempo livre, dá uma checada nas postagens, é absolutamente encantador e te faz apreciar mais as músicas. Ah, aliás, as traduções que tem aqui fui eu mesma que fiz - me esforcei para manter o sentimento que sinto ecoando em cada verso, mas reconheço que posso ter deslizado em alguma.
Okay, sem mais delongas. Aproveitem meus rants (ou só cliquem nas músicas mesmo, juro que são 10/10)
10. Neptune
Okay, comecei com uma que arrasa com vontade, fica aqui minhas desculpas. Não se enganem com esse fundo calminho de rio seguindo seu curso, porque Neptune é sobre estar perdido e não saber como navegar. É querer pedir ajuda mas não entender como fazer isso, porque seu impulso sempre é esconder essa necessidade. É se dar conta de que você ama muito alguém, mas é uma versão quebrada porque nunca te ensinaram outro jeito de amar. "if brokenness is a form of art / i must be a poster child prodigy // se estar quebrado é um tipo de arte / eu sou a criança prodígio dela", como diz o pré-refrão.
É talvez preocupante ela estar na minha playlist casual? Talvez. Mas às vezes a gente tá nesse mood, né, faz parte. Porém, um dos motivos disso é porque ela me lembra de um dos protagonistas de uma das minhas fics preferidas (todo mundo que gosta de Pokémon deveria ler AeXY, e todo mundo que não gosta de Pokémon já tá errado aí). É meio irônico chamar ela de comfort fic quando meu cartão de entrada dela pra vocês foi isso, e não vou esconder que destrói a vida mesmo, mas juro que também cura onde dói.
Enfim, voltando a Neptune. Pra fechar, vou dizer que algo que também me ganha nela é como sou encantada pelo jeito que ela conta a descrição que fiz. "i’m only honest when it rains / if i time it right, the thunder breaks / when i open my mouth / i want to tell you but i don’t know how // só sou honesto quando chove / se eu cronometrar certo, o trovão explode / quando eu abro minha boca / eu quero te contar mas eu não sei como" Ela fala sem falar, o mais vulnerável que é possível para si, com pesar tocando cada palavra mas sem conseguir ir além, "an open book with a torn out page / and my inks run out // um livro aberto com uma página arrancada / e minha tinta acabando". Quando a repetição muda pra "i wanna love you but i don't know how // eu quero te amar mas não sei como", sempre derruba.
9. Atlantic
Vocês precisam de um descanso depois das pancadas né. Então, dessa vez, fiquem com uma instrumental bem suave! Sim, SaL também conta com instrumentais - às vezes, é uma perdida no meio das outras cantadas, como Hearing, e às vezes é um álbum inteiro, como Astronomy.
A série dos oceanos é toda instrumental, e sinceramente todas são lindas, mas eu tenho um apego maior a Atlantic. Quando o youtube jogou ela nos meus recomendados, eu tava numa tarde reflexiva, e lembro sobre ficar encarando o vai e vem das ondas no vídeo enquanto pensava e libertava muita coisa de dentro de mim. Então, até hoje, quando eu quero me acalmar, essa é uma das melhores opções pra mim. Inclusive, devo dizer que essa melodia realmente tem a sensação de oceano, porque sempre me sinto como se estivesse com o pé no mar, sentindo o cheiro de maresia - o que ajuda muito na parte de relaxar, porque água sempre me acalenta.
8. Bad Blood
Como nunca pesquisei muito sobre quem faz as músicas, não sei dizer qual sua religião, ou mesmo se tem uma. Mas, acompanhando as letras, é bem nítido que ele tem sua religiosidade - e, cá entre nós, vejo certa similaridade com a minha própria. O Deus que ecoa em certos versos não é uma pessoa divina, nem mesmo uma personalidade, mas uma energia que preenche cada canto do universo, esse universo tão vasto e magnífico e cuidadosamente orquestrado que tem que haver algo maior do que nós o regendo.
Bad Blood toca nisso enquanto tenta compreender nosso legado como humanos. "in the name of being brave / though it’s just another word for being afraid // por vontade de ser valente / apesar de isso ser apenas uma outra palavra para estar com medo" porque dizemos encarar grandes jornadas por coragem, quando é apenas medo do que seríamos se não o fizéssemos. Nossa busca por deixar uma marca pois sabemos que a vida é apenas uma breve chama, a maneira como ecoamos ideias de tantos passados que nem temos conhecimento, o questionamento de se somos destinados ao bem ou se sempre carregamos um sangue ruim em nosso cerne.
E é curioso - mas talvez muito certo, porque não teria como ser diferente - como a resposta assinalada no refrão começa com "we know it all by heart / [...] we've heard it all before // nós sabemos isso tudo de cor / [...] nós já ouvimos isso antes", alegando que as respostas sempre estiveram conosco. Sempre esteve dentro de nós, porque nossa essência carrega a faísca do todo, de tudo que o universo encerra. E, ao mesmo tempo, esse todo é muito maior do que simplesmente nós, porque é em estar junto que as coisas funcionam - o conjunto tem sua beleza própria, acima do que seria apenas somar cada parte.
7. Mars
Chegamos na minha bebê!! Foi uma das primeiras músicas de SaL que me cativaram, e mesmo seu instrumental eu sou absolutamente apaixonada, por sentir como ele é o complemento perfeito da letra que ela carrega. Mars foi nomeada assim em honra ao planeta, mas a inspiração veio de sua versão divina, deus da guerra.
Sim, é uma música de guerra. E ela vai exatamente onde dói. É sobre pessoas jovens demais, se jogando ao conflito com a euforia da honra prometida, sem entender o sofrimento que está prestes a ser tudo o que conhecem. "we promised we’d be safe / another lie from the front lines // nós prometemos que estaríamos a salvo / mais uma mentira vinda das linhas de frente". É sobre como a guerra não acaba quando a trégua vem e o conflito cessa, porque ela continua viva na mente de quem esteve lá. Mas não é apenas dor, pois seus últimos versos traduzem esperança, vendo quem passou por essa dor desejar construir um mundo melhor - um que ninguém mais passe por ela.
Mas meus versos preferidos, sem dúvida, são esses aqui: "how our bodies, born to heal / become so prone to die? // como nossos corpos, nascidos para curar / se tornam tão fadados a morrer?". Há uma beleza infinita em descrever nossos corpos como "nascidos para curar", e a compreensão dessa verdade faz todo o confronto se tornar ainda mais horrendo. A morte é natural, mas não esse tipo de morte. Essa violência, esse dano, isso não faz parte de nós - e quem está lá descobriu isso tarde demais. Mars é uma música dolorosa sobre guerra exatamente porque compreende a vida (e aqui entra o que falei sobre o instrumental, porque ouvir ele sempre me deu a sensação de contemplação, de olhar para um céu estrelado e pensar no quão bonito é esse cenário, e é esse tipo de sensação que contrasta e engrandece a dor que os versos trazem).
P.S. Também é ótima para escrever, e tenho certeza que muitos escritores poderiam encaixá-la na soundtrack de suas histórias.
6. Body
Vocês já ouviram falar sobre Eneagrama? Se você é da galera que, como eu, é fissurada em testes de personalidade, sua resposta provavelmente é sim. Se você é do grupinho que acha esse tipo de coisa ridícula, talvez não seja o melhor momento pra dizer que SaL tem uma seção inteira de um álbum dedicada a isso (mas fica e ouve a música, é boa independente de opiniões no tópico (tem quarteto de cordas!! como não gostar de uma música com quarteto de cordas!!)). O Eneagrama possui 9 personalidades, e é comum agruparem elas em três grupos (Visceral, Coração, Cabeça) de acordo com a maneira que suas reações afloram.
Body representa esse primeiro grupo, guiado pelo instinto. Então, bem, é uma música sobre isso - mas muito além que isso, também. É sobre como temos algo dentro da gente que consegue nos guiar. É sobre a magia de ser, simplesmente ser, e se deixar levar por isso, ter confiança nisso. É conseguir acreditar nessa voz interior que aprendemos a chamar de intuição, um salto de fé sem questionamentos. "there’s magic in our bones / a north star in our soul / that remembers our way home // há magia em nossos ossos / uma estrela-guia em nossas almas / que se lembra do caminho de casa". Inclusive, nas notas sobre a criação dessa música, o autor menciona como os versos só passaram a ter sentido quando escreveu a palavra "magia", e entendeu que esse era o tema da canção - porque, afinal, estar vivo é uma incrível e inegável mágica! a natureza é feita de magia! amar e sentir e imaginar e criar são magias!. Eu compartilho muito desse sentimento, aliás, então me deixa !! e emocional toda vez que passo por essa anotação.
Querem uma curiosidade pessoal? Pelo meu eneatipo, eu me encaixo nesse grupo. Quando descobri isso, confesso que protestei muito mentalmente, porque não fazia sentido. Eu sou alguém que pensa (até demais) antes de qualquer ação, racionaliza tudo o que faz e muitas vezes até o que sente, como pode que minha personalidade foi pro grupo de instinto? Mas, conforme eu fui lendo a música, ela me acertou em cheio. Afinal, eu também sou alguém de muitas crenças, de fé em muitas coisas, e como pode que eu não acredite nessa magia intrínseca a todes nós? "it’s so easy to forget / that there’s magic in all of this // é tão fácil de esquecer / que há mágica em tudo isso", e essa música veio como uma voadora me lembrar disso.
5. Sun
Ai, a ironia de eu ter que exaltar algo com o nome de sol. Mas foi literalmente a primeira música de SaL que me enlaçou (não tenho certeza se foi a primeira que ouvi, mas foi a primeira que eu propriamente dei atenção ao cair no meu radar, e acabou levando a isso tudo que vocês estão presenciando neste momento).
E, sabe, como eu não ia me encantar com uma música que chega dizendo "our once barren world now brims with life / that we may fall in love / every time we open up our eyes // nosso mundo uma vez desolado agora transborda com tanta vida / que nós podemos nos apaixonar / toda vez que abrimos os olhos". Nunca tive nenhuma chance de não me render com uma música que reflete o encantamento que sempre tive com nosso planeta - eu escolhi cursar Biologia não foi à toa, e o que aprendi toda vez que me debrucei nesse estudo só serviu para confirmar esse sentimento. Nosso mundo é cheio de vida, e há algo de incrivelmente belo em cada uma, até porque cada uma carrega o infinito dentro de si.
Sun é uma celebração, uma festa, a luz que faz parte de todes nós. Inclusive, não deixa de apontar como todes somos destinades a ser uma fonte de boa energia, em versos que são um dos meus preferidos de todas as músicas de SaL: "i guess space and time / takes violent things, angry things / and makes them kind // eu acho que espaço e tempo / pegam coisas violentas, coisas raivosas / e as torna gentis".
(às vezes é muito óbvio que adoro arcos de redenção, né? pois é)
4. Saturn
Há chances consideráveis que quem não conhece SaL conheça pelo menos essa aqui, porque é a mais famosinha. E, sabe, merecido, afinal é a detentora de "how rare and beautiful it is to even exist // quão raro e belo é simplesmente existir". Não que a tratem como ela merece, porque já cansei de ver ela em edit de ship, e totalmente ignoram como pode ser usada em tantas relações mais... (sim sou chata com isso porque existem literalmente MILHARES de música de romance por aí afora e a galera decide pegar uma das poucas que não é sobre isso?? guardo rancor mesmo)
Enfim, aqui não é lugar para ser amarga. Saturn é sobre o fascínio com o universo, e quão breve a existência é. Em comentários do autor, ele diz que pensa ser sobre alguém falando com uma pessoa muito querida que perdeu, e reflete sobre como suas ações e palavras ainda permanecem aqui - como muito bem inferido com "you taught me the courage of stars before you left / how light carries on endlessly even after death // você me ensinou a coragem das estrelas antes de partir / como a luz prossegue infinitamente mesmo após a morte". O instrumental dá essa sensação contemplativa também, de olhar para um céu cheio de estrelas e se pegar pensando em quem já partiu desse plano. Tem um toque de saudade também, até porque "i'd give anything to hear / you say it one more time / that the universe was made / just to be seen by my eyes // eu daria qualquer coisa para ouvir / você dizendo mais uma vez / que o universo foi feito / só para ser visto pelos meus olhos". Mas o finalzinho também reconhece que a vida continua, pois pega um dos primeiros versos em que se falava "você me explicou o infinito" e o torna "eu explicarei o infinito". A saudade pode estar lá, mas o ciclo continua, e a luz segue passada adiante.
(pra quem conhece Garnet, essa música é 100% a Samantha com os pais. não podia deixar essa passar, sinto muito /sqn)
3. Nine
Olha, acho que nem naquele post/desabafo sobre abandono eu me expus tanto quanto to prestes a fazer. Cogitei inclusive não colocar essa música aqui, mas eu não tinha como falar sobre músicas de SaL que me marcam sem comentar sobre Nine.
Então, ainda lembram sobre Eneagrama? Uma curiosidade pessoal é que eu encontrei esse teste vários anos atrás, e meu resultado deu 2. Mas não cheguei a pesquisar muito sobre, então quando vi SaL postando músicas com nome de números, sinceramente nem me passou pela cabeça que seria a isso. Não chequei todas não, mas lembro que vi Nine e chorei de soluçar. Aí, depois de um tempo, descobri sobre a inspiração do álbum, e acabei refazendo o teste..... acho que vocês já imaginam qual é a minha, né? (inclusive é comum que 9 acabem caindo em 2 em testes mais simplistas).
Nem dá pra contestar o resultado, porque a música já tinha mais do que me provado isso. O autor é um 9 também aliás, meu mano! E explica como ele foi tão preciso, porque olha, cada verso uma tijolada diferente - como que eu sobrevivi a "i've been less than half myself for more than half my life // eu fui menos da metade de mim por mais da metade da minha vida" e "how do i forgive myself for losing so much time? // como eu me perdoo por perder tanto tempo?"?? nem sei. Até pensei em quebrar minha regra de não tatuar verso de música por essa aqui, porque cala muito fundo dentro de mim quando o refrão manda "wake up / fall in love again / wage war on gravity / there’s so much / worth fighting for / you’ll see // acorde / ame mais uma vez / declare guerra à gravidade / ainda há muito / pelo qual vale a pena lutar / você vai ver".
(inclusive, ótimo pensar como o verso que mais gosto carrega a implicação de que podemos amar de novo e de novo e de novo toda vez que acordamos, porque isso acaba dando paralelo com o que me fez cair por Sun)
2. Uneven Odds
Chegamos no motivo de eu ter montado esse post todo. Okay, não foi apenas ela, eu também queria chorar por várias outras, mas essa aqui tem um dos versos que sou mais apaixonada no mundo - e que foi o primeiro que me fez pensar "oh, é assim que quero escrever". Inferno, como ele consegue contar tanta coisa numa frase tão simples?
Mas vamos lá, apresentações primeiro. Uneven Odds é a narração de um eu lírico falando com uma criança cujo pai deixou pra esse eu lírico criar, porque não aguentaria fazer isso após perder a companheira. E aí logo na segunda estrofe ele manda a canetada que tá vivendo de triplex na minha cabeça desde que a vi: "forgiveness is the lesson he cursed you to learn // perdão é a lição que ele te amaldiçoou a aprender". Como é que pode, sabe?? O simples uso de 'amaldiçoar' ali já diz tanta coisa sem precisar de mais palavras, me pega toda vez. De qualquer maneira, a música não se prende a isso. Os versos reconhecem o quanto isso pode afetar a criança, mas há um desejo genuíno que ela não se prenda a essa dor. Que, apesar disso, ou talvez mesmo por causa disso, ela vai crescer e florescer. A letra até perde um ponto comigo por usar aquele detestável paralelo de luz = bom, escuridão = mau, mas tudo bem, eu perdoo. Dá pra relevar considerando a metáfora com plantas (porque, né, plantas realmente precisam de luz para se desenvolver), e também o tema do álbum era justamente Darkness, e vejo que as demais músicas tentam não tratá-la como simplesmente ruim, mas como parte da vida e do universo - ainda que sejam partes mais complexas de se lidar.
Tem um outro motivo pra eu adorar essa música também: ela facilmente cabe como tema de Lillie e Gladion, de Pokémon Sun/Moon. São alguns dos meus personagens preferidos da franquia - talvez os preferidos, sendo sincera -, e são do jogo que mais amo, então né! Essa letra bate muito com a jornada que vemos Lillie traçar, aprendendo a lidar com os anos de abuso psicológico que passou com a mãe e se tornando quem ela verdadeiramente é. Me emociono toda vez que penso nesse arco, então claro que me emociono toda vez que essa aqui toca.
Okay, já to me estendendo, mas preciso deixar um P.S. aqui. Sabem a criança com quem o eu lírico conversa? Ela, quando adulta, se torna o eu lírico de Light, uma música sobre apresentar o quão gloriosa a vida é para alguém que acabou de nascer (que, no caso, é um filho desse eu lírico). Ela realmente se torna luz apesar de um início tão complicado, e esquenta meu coraçãozinho pensar nisso (e, pra quem já leu Garnet: é totalmente o Natani com os filhos).
1. Heart
Sabe, eu poderia falar das belezas dessa música sem ser muito pessoal. É uma música magnífica por si só, ela realmente não precisa disso. Mesmo no universo alternativo onde eu não passei por uma série de decepções profundas em anos quase consecutivos, eu tenho certeza que ainda a amo.
Mas estamos neste universo, e ela ganha o primeiro lugar graças a isso. Heart é sobre amor, sobre amar, sobre todos os riscos que isso envolve, sobre se jogar apesar de tudo. Ela reconhece que amar exige muita confiança, e diz para fazer mesmo assim. "go ahead and laugh / even if it hurts / go ahead and pull the pin / what if we could risk / everything we have / and just let our walls cave in? // vá em frente e ria / mesmo se machucar / vá em frente e puxe o pino / e se pudéssemos arriscar / tudo o que temos / e simplesmente deixar nossos muros ruírem?", como ecoa em cada refrão.
(curiosidade: eu consegui fazer esse post inteiro sem chorar. consegui passar por body, por saturn, por nine! sem derrubar uma lágrima. cheguei nessa, to chorando. simplesmente não dá)
E ela não se esquece de ressaltar também como é bonito amar. Como o mundo faz sentido enquanto se está ao lado dessas pessoas, como há algo de sublime e que dá significado a existir em ser tocado por esse sentimento. Esse últimos anos pra mim tem sido um constante desafio de me questionar o quanto vale mesmo a pena correr esse risco, e Heart vem me dar um abraço e o lembrete de que é justamente amar que faz tudo valer a pena.
Se consagrando como o texto mais longo até agora (o que era até esperado, né), vou fechar por aqui. Claro, tem várias outras que eu queria indicar - não deixem de conferir Homesick, ou Jupiter, ou Sorrow, ou Sight, aliás sabiam que a miniatura desse post vem de Touch? -, mas teoricamente isso é apenas uma introdução. Bem teoricamente mesmo, mas enfim, finjam. Agradeço muito quem leu tudo até aqui, e também a quem só deu play em uma música e se deu por contente. Pra fechar, vou deixar um trechinho de Taste - que é inspirado no sentido de paladar, e puxa nossas tradições e história com comida para moldar uma celebração a reconciliações, ao senso de comunidade e a se sentir vivo.
"i am alive. i am awake. i am aware of what light tastes like / the curtains drawn, the table set / i want to be. i want to be at my best // eu estou vivo. eu estou acordado. eu entendo qual o gosto da luz / a cortina se move, a mesa está posta / eu quero ser. eu quero ser o meu melhor"
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