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Chá revelação da SemanAro
Meninas que sabiam perfeitamente que a SemanAro é no final de Fevereiro, e ainda assim estavam o próprio pikachu surpreso quando viram os primeiros posts aparecendo. Vou culpar o fato que esse mês passou voando, porque realmente nem parece que chegamos no final dele.
Okay, mas vamos começar do básico, né. O que é essa SemanAro? (se você me segue no twitter e ainda não sabe, eu devo ter sumido da sua tl, ou não perturbo tanto quanto acho que faço)
A Semana de Visibilidade do Espectro Arromântico - ou, pros mais chegados, AroWeek/SemanAro - é comemorada na última semana completa do mês de Fevereiro, visto que foi instituída pelo núcleo estadunidense e por lá tem o Valentine’s Day nessa época. É um bom momento pra lembrar que romance não é o único nem principal tipo de amor que existe, e pessoas arromânticas falam sobre sua vivência, seu processo de descoberta, e, mais do que nunca, lembram que existem sim, favor parar de dizer que toda pessoa tem que se apaixonar ou não é feliz ou sequer humana, obrigada.
Enfim. Quando a surpresa do calendário passou, fiquei pensando “putz, tá meio em cima, mas queria tentar fazer algo pra news, pra não deixar passar em branco”. A primeira opção, óbvio, foi falar sobre meu processo de descoberta, e depois cogitei falar sobre meus headcanons preferidos, mas daí me veio o pensamento. Por que eu não falo dos meus próprios personagens?
“é a MINHA arromanticidade e eu decido em quais personagens vou projetar ela” (acho que essa imagem fica mais engraçada porque a maioria absoluta da galera daqui vem de antes de eu me descobrir)
É um post talvez bobo e meio “mil palavras de nada com nada sobre coisas que talvez só interessem a mim”? É. Mas tão importante quanto posts explicando sobre nossa comunidade e os problemas que a gente lida é a gente simplesmente viver, entender como nossa arromanticidade toca isso, celebrar tudo que a gente faz nossa arromanticidade tocar. E é sempre bom falar sobre representatividade também - até porque, pra surpresa de ninguém, a representatividade aro tá bem em falta.
E, hey, é a minha news. Vocês se inscreveram pra ouvir meus pensamentos aleatórios sobre coisas que gosto, vocês que lutem /piada
Vou seguir na ordem cronológica de quando falei “okay, esse aqui é aro”, porque acho que vai ser mais divertido assim. Então, a gente vai começar com a Luana! Vocês vão conhecer ela no segundo livro de Crônicas Atarianas, e sinceramente ansiosa pra isso porque adoro essa guria. Ela é alguém muito certa do que faz e pensa, mesmo quando muitos desacreditam ou desafiam ela, apenas seguindo sem se estressar.
Confesso que o processo dessa decisão não me dá muito orgulho analisando da perspectiva de agora, mas isso rolou a tipo… uns 8 anos? Eu ainda tava fechada em muitas caixinhas, incluindo não parar pra me questionar de como todo mundo nessa saga inteira tinha um parzinho. Bem, quase todo mundo, porque a Luana não tinha, então voilà! Perfeita pra ser a aroace do rolê (foi péssimo, eu sei). Mas agora, pensando enquanto eu fazia esse resuminho sobre ela, to aqui refletindo como foi uma decisão acertada de qualquer jeito, porque é bom ver alguém aroace cuja principal característica é ser segura de si.
Bola pra frente, e quem temos é a Rebecca! De uma saga cujo nome possivelmente vai mudar, mas que por enquanto vou seguir chamando de H&D, ela foi minha primeira aro que não é ace também (apesar de nunca ter me contado qual é sua orientação sexual, só sei que é allo). É uma história com vampiros, e a missão de vida da Becca é acolher um grupo de transformados para protegê-los dos caçadores e também ajudar a encarar essa vida nova. Uma líder nata, e empática como ninguém. É peça-chave para o arco de um dos protagonistas simplesmente por ser assim.
H&D deve passar por algumas boas mudanças antes que eu mexa nessa história de novo, e já passou por tantas outras desde a versão que a Rebecca surgiu, mas o cerne dela é esse. Ela é alguém que cuida, que protege, que se esforça para que seu grupo não apenas sobreviva, mas viva. Decidir que ela seria arromântica nasceu disso, porque um esteriótipo comum é que vejam aros como pessoas insensíveis e frias - claro, porque não se apaixonar tem que significar que você não tem coração, pra que outros sentimentos ele existiria? /ironia. Essa mom friend tá aqui pra ser um tapa na cara de todo mundo que pensar essas besteiras, e amo ela por isso.
Pra quem perdeu o memorando, ou não estava por aqui na época que falei publicamente sobre, eu to reescrevendo o primeiro livro da trilogia atariana - e meio que refiz várias coisas da saga como um todo, tinha até mais livro antes!. Um dos principais pontos que me motivou essa reescrita é que eu senti que não conhecia o elenco dessa história tão bem quando publiquei, e quis dar uma chance para entendê-los melhor, ver como eles realmente navegariam o que vai desenrolando… Mas isso de conhecer personagem é um processo contínuo, né? E eu sou muito de descobrir enquanto escrevo.
E foi assim que a Lina me contou que ela era aro também. Isso me ocorreu numa cena aleatória, e fez tanto sentido, eu simplesmente sabia que era assim que devia ser. O fato que ela combinava certinho com uma piada interna que tenho sobre headcanons aro e que a paleta de cores das roupas dela facilmente poderia fazer a bandeira aro é a cereja do bolo. É meio engraçado porque a primeira cena falando sobre isso é ela dizendo que não se sente segura ainda de usar essa palavra para si - o que faz sentido com sua personalidade tímida e ansiosa, mas ainda é engraçado.
E sabe mais uma coisa que me dei conta enquanto descobria ela? A Elise, mãe dela, tá nesse espectro também. Tão nitidamente gray-arromântica que eu me senti dando um tapinha na testa quando me dei conta, porque, caramba, sério que cê demorou esse tempo todo pra se tocar? Tem cenas que escrevi (e de antes de eu sequer me entender como lgbt+, então nem dá pra dizer que eu tinha noção de qualquer coisa) com ela adolescente ouvindo a Erika falar de namoro e sonho de casar com uma reação totalmente confusa e mandando um “tá, mas por que isso importa tanto??”, e o fato que ela demorou a entender o que tava sentindo pelo Natani apesar de ver que tinha algo diferente rolando… ai, ai, eu tão perdida no óbvio quanto ela.
Aliás, só por curiosidade, a ideia pro nome desse post veio delas. Eu planejava guardar essa info até quando relançasse, mas, ai, eu to tão ansiosa pra falar isso pro mundo!! Okay, no momento to falando pra minha news de 15 seguidores e um bot, mas tá aí. Vai ter saga protagonizada por aro sim, vá lidar com minha advogada se quiser reclamar.
Uma trivia dessa minha vida como escritora queer: meu primeiro personagem arco-íris é de H&D. Tecnicamente, dois levariam esse título porque o pensamento me ocorreu no mesmo dia, mas acho que o Tyago sai na frente porque, nossa, ele é tão ridiculamente ace. Ele sempre foi, desde que apareceu na minha mente, ele era ace antes de eu saber que eu era - e isso é muita coisa, porque meio que eu sempre soube também. Pois é. É meio zoado porque ele cai certinho em vários estereótipos, ele é o típico personagem racional e frio, tão inteligente quanto soberbo, e com uma lista de amizade que dá pra contar em uma mão só. Confesso que teve uma época que me perguntei se não tava fazendo desserviço, mas cheguei à conclusão de que esse era ele. Tudo isso, toda a personalidade e a assexualidade, tudo era 100% ele, e eu não poderia mudar uma sem o Tyago deixar de ser ele mesmo. E, bem, tem vários outros aces na história com maneiras diferentes de ser, se alguém lê ela e ainda decide achar que só existe ace assim, é a pessoa que precisa de aulas de interpretação.
Não esqueci que estamos aqui para uma ocasião aro, okay, mas precisava dessa intro. Até porque, é ótimo dizer isso tudo pra arrematar que levou vários anos pra eu me tocar que ele é demirromântico também. Eu nem sequer estava escrevendo o livro oficial quando percebi isso, tava criando mais um au (sim eu crio fanfic das minhas próprias coisas, geralmente é jogando a galera em alguma mídia que eu gosto, me julgue) e inclusive trabalhando com um ship que não existe no canon quando de repente me bateu esse estalo. É ótimo que ele me contou que é pan também na mesma jogada, acho sensa. Fica aí a anotação para possíveis futuros escritores de fic de H&D quando se trata de ship com Tyago: qualquer gênero funciona, mas instalove tá proibido.
Falei que H&D já teve várias versões e mudanças né? Da última vez, adicionei a Ariel, e essa desde o início eu já sabia: aro e bi. A mulher chegou já chutando a porta e colocando ordem nas coisas, a energia dela é ótima. Sabe bem o que quer, e sabe também quem é, apesar de só descobrir que existe um nome pro jeito que sente lá pelo final da história (mencionei que H&D se passa na nossa realidade?). Mas antes disso já tem ela zombando do aprendiz sendo trouxa pelo namoradinho, porque é isso que a gente faz /piada (nem tanto assim)
Chegamos na era onde eu finalmente juntei as pecinhas verdes e cinzas da minha mente e do meu histórico!! E aí o FantasiAro aconteceu na minha vida. Achei muito simbólico “voltar” publicamente à escrita com esse conto, e, bem, obviamente ele tinha protagonismo aro. Acho que a surpresa é descobrirem que não era todo o trio (plot twist: Pan não é). O trio é exatamente uma aroace, uma aro/allo e ume allo/ace. Os três tipos de personagem indispensáveis /meia-piada
Vocês lembram que comentei que tem uma piada interna sobre hcs aro? Então, uma vez, numa aula, ouvi que todas as plantas são aromáticas. Se eu ouvi errado e entendi “todas as plantas são arromânticas”? Sim. Aí decidi fazer uma brincadeira comigo mesma de que todo personagem com poderes relativos a plantas são aro a partir dali. Sim, é por isso que a Lya tem o poderzinho de controlar planta, foi literalmente a primeira coisa que decidi sobre o conto (okay, primeira depois de decidir que seria um soulmate au, mas foi bem automático mesmo). E acabou que a Violeta tem nome de planta também, né? Foi sem querer essa, mas adorei. Tudo como devia ser!!
O chá revelação também é porque vou falar do meu possível próximo #VemAí. Não se animem muito porque não vai ter info tão fácil assim, vamos apenas conhecer a Ellie por hoje. Confesso que eu tava hesitando em confirmar ela como aro, porque um dos pontos principais dela é uma amizade muito forte com outra personagem, e fico com a sensação de que vão dizer que só não são um casal por causa disso (isso quem respeitar a arromanticidade dela né, porque sempre tem uma galera que passa por cima kk todo dia uma tentação diferente de perder meu réu primário) Mas ela tem tanto essa energia, e acho que seria um desrespeito me privar de efetivar isso só porque existe gente que não entende que amizades podem ser tão intensas e importantes quanto qualquer outro tipo de relação, independente das possibilidades de sentir de cada um.
E, bem, é história minha, claro que tem outras amizades intensas, então nem deveria dar margem pra esse tipo de suposição. E é legal como a amiga dela é ace, porque adoro duplas que são # aro & ace besties - que nem solidariedade sáfica & aquileano, melhores duplas também.
Uma coisa que montar essa lista me fez notar é que, nossa, eu (ainda) tenho tão pouco personagem arromântico... Também foco muito apenas em aro estritos, nem dá pra negar. Me senti um pouco mal, mas em algum momento que refletia sobre isso percebi um fator crucial: minha aproximação de verdade com a comunidade arromântica - e, portanto, além da maior segurança em escrever personagem aro, passar a compreender melhor certas nuances, experiências, sentimentos e situações - aconteceu bastante durante um período em que eu tava mais focada em fics do que nos meus projetos originais. Tem uma boa parcela de fics no hd do meu notebook com mais uma galera desse espectro e até algumas explorando os sentimentos da área cinza, mas a maioria delas vai ficar só comigo mesmo, ou pelo menos num círculo menor - ainda foram muito importantes pra mim, independente disso. Claro, esse parágrafo é apenas uma explicação, não uma desculpa, então repensarei minhas ações e voltarei com uma postura melhor /meia-piada
Outra coisa que não me escapou é: nossa, praticamente só tem garotas nessa lista?? To em dúvida se era meu subconsciente gritando “amiga plmdds, essa é você”, se é pela noção de como ter um companheiro romântico é bem mais exigido das mulheres, ou puro biasing que não tinha percebido… mas, bem, mais um pensamento pra levar em conta.
Tá, mas deixando as reflexões pra minha sessão de terapia, eu adorei fazer esse post. Foi legal recapitular tantos momentinhos da minha escrita, e ver como as coisas mudaram - e quantas já estavam lá, talvez mais na cara do que eu pensava antes de parar pra digitar. E eu a-do-ro saber sobre processo de criação de histórias, mesmo essas aleatoriedades assim, então me desculpe quem não gosta/não liga e acabou recebendo isso, mas é o tipo de coisa que eu super curto ler e falar sobre.
E, claro, para quem compartilha dessa bandeira, espero que essa semana tenha sido/seja incrível pra você 💚
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